Monday, December 15, 2008

No bar

É sábado à noite e eu bebo a terceira caipirinha no meu bar, sozinho. Morango, canela, saquê e felicidade. Grande receita. Enquanto isso, ao redor, amáveis estranhos tentam me animar:
À minha direita, uma garota irremediavelmente feia exibe seu namorado perfeito: braços de quem te abraça embaixo de um guarda-chuva, numa tempestade sem fim, provavelmente num filme da Audrey. Ele levanta e dá um beijo nela. Ele volta e dá outro beijo nela, ainda mais demorado. Vaca dentuça e maldita, eu penso.

À minha frente, uma quase-jovem-meio-velha solteira e seu amigo gay. Ele é bonito e, lógico, estava sentado de costas pra mim. Afinal, a visão de uma mulher que assume seus cachos, usa armação de óculos colorida e um sapato medonho é mais animadora do que a de um ator mal-sucedido, cabeludo e amante de vinho vagabundo.

À minha esquerda, um gay de sucesso, tipo aqueles de sitcom, que deve ter quase cinqüenta anos. Logo, chega o amigo dele, alto e robusto, a mesma cara bem tratada das bichas que escolheram ser cardiologistas. Que pedem salada, guaraná diet e podem comprar celulares com mais funções que a minha vida social. Pau pequeno ou mãe opressora.

E, finalmente, atrás de mim, está ele. A companhia perfeita. Com seu cigarro light na mão, sem um abraço de cinema bem apertado, longe de sua amiga descolada e nunca, eu disse nunca, com o celular do ano. Mas sempre sentado bem ali, me protegendo, logo atrás de mim.