Monday, January 05, 2009

Saia da novela

"Se eu fosse lésbica, minha vida seria muito mais fácil. Só as mulheres me acham interessante". Estava num café, esperando meu filme e lendo uma biografia do Nirvana (acho que estou apaixonado por Kurt Cobain), quando uma jovem, mais ou menos bonita, proferiu essa dramática sentença a uma amiga. Na hora, eu pensei, putz, tá foda mesmo achar um cara, eu sozinho no cinema em plena segundona e essa coitada pedindo uma discografia completa da Ana Carolina. Ô fase, diria meu irmão.
Aquilo ficou na minha cabeça. Cara, alguém pedindo pra mudar a orientação sexual pra salvar a vida amorosa? A última vez que eu quis isso, devia ter uns 13 anos e estava pensando em ser aceito na escola, e só. Acho que a garota estranha (tá, você pensou na Carrie também) só está passando o recado errado na vida.
É óbvio que as mulheres acham-na mais interessante, porque só as mulheres a conhecem de verdade. Como ela é divertida, faz piadas boas e ama ler Jane Austen. Mas aposto que, perto dos homens, ela vira outra pessoa. É possuída por aquela entidade que, na cabeça dela, é bem melhor e muito mais legal do que ela mesma. E a cada saída com o cara, a mais nova Fernanda Montenegro supreende com uma atuação brilhante.
É muito difícil, quando a gente gosta realmente de alguém, resistir a tentação de mudar aquele pouquinho só para agradar o cara. Parece que isso só vai deixar o namoro mais incrível e vocês ainda mais apaixonadinhos. O foda é que, quando fazemos isso, esquecemos de pensar no que a gente está sentindo. Vivemos naquele transe em que somente o que o cara sente e a felicidade dele importam. Quando a ficha cai, a gente já nem lembra as músicas da nossa banda favorita.
É muito mais legal quando o cara já sabe que você bebe demais e que ouve Wando no carro quando está indo pro trabalho. E, ainda sim, gosta de você. Fora amar um filme cult ou um livro do naipe de "Crime e Castigo", eu prefiro sempre dizer a verdade. E deu supercerto pra mim, não é Kurt?