Sunday, May 13, 2007

A engraçada e a malvada


Passei o fim de semana em retiro espiritual. Os amigos mais chegados sabem o que isso significa: o chato do Thiago ficou mais uma vez em casa, ele tem preguiça de humanos e vai morrer sozinho num pequeno apê alugado.

Para ocupar o tempo, me dediquei a uma batalha perdida: disputar com Bette Davis quem fumava mais cigarros. Para cada tragada de Margo Channing em A Malvada, eu respondia com uma outra diretamente do mundo real (porém chato) dos vivos. Não preciso dizer quem ganhou...

Derrotado, mas não abalado, pois perder para Bette é uma honra, marquei um encontro com outra fumante, na mesma tarde, Lucille Ball. Era o sábado "Abaixo ao Pulmão". Em The Lucy Show, Lucy estava mais velha, porém já colorida. Bom poder ver sua marca registrada, os cabelos ruivos (originalmente castanhos). Ruim vê-la repetindo tudo que havia feito de bom em I Love Lucy, na década anterior. As mesmas caretas, as pernas compridas desajeitadas e o choro rouco (cof cof) e histérico.

Ainda sim, Lucy era engraçada e arrebataria mais uns Emmys (premiação que, assim como as outras, foi criada para deixar gays em casa pelo menos por uma noite) com este seriado. Seu estilo influenciou uma porrada de gente como Fran Drescher, que colou descaradamente em Lucy com seu The Nanny, ou Debra Messing, que a usou moderadamente em Will & Grace.

O mais engraçado é que Lucille não se achava nem um pouco engraçada. Passou a década de 1940 inteirinha tentando ser atriz em Hollywood e acabou virando rainha dos filmes B. Não a culpo. Deve ter sido traumatizante ser uma adolescente ofuscada na escola de teatro por uma jovem de olhar inconfundível chamada Bette Davis. A malvada tinha criado a engraçada e eu nem sabia. Foi um ótimo sábado.

1 comment:

William Glauber Teodoro Castanho said...

odeio seus retiros, tá?
mas, nesse caso, vou respeitar porque foi produtivo, embora carregado na nicotina.
bjs,
will.